sexta-feira, 29 de agosto de 2014

O QUE ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL I APRENDEM COM A LEITURA COLABORATIVA


apdsantos1@hotmail.com

RESUMO
            Este artigo aborda a importância da leitura colaborativa nas aulas do Ensino Fundamental I nas escolas. Em nossa prática pedagógica, realizando no mínimo cinco leituras colaborativas por semana pudemos perceber vários fatores positivos no trabalho com esse tipo de leitura. Hoje mais do que nunca é preciso ser capaz de ir além de decodificar sons e letras, é preciso entender os significados e usos das palavras em diferentes contextos.
            Palavras - chaves: leitura colaborativa – alfabetização -letramento.
            Para quem ainda não conhece esse tipo de prática vamos resumir aqui: é um tipo de leitura em que professor e alunos realizam aos poucos e em conjunto; é como se fosse um exercício de interpretação de textos, mas realizado oralmente. Todos com o mesmo texto em mãos, o professor vai lendo e os alunos acompanhando. Durante a leitura o professor vai fazendo questionamentos e reflexões sobre assuntos do texto.         Nesse tipo de leitura o professor deve antecipadamente já ter lido e preparado as questões. Pode até ter em seu texto as perguntas que irá fazer.
            É uma prática fundamental para a especificação das estratégias e procedimentos que um leitor proficiente utiliza.
            Nesse tipo de atividade percebemos que há várias estratégias leitura. Essas estratégias estão diretamente ligadas a vários aspectos como:
I- ativação de conhecimento prévio e seleção de informações;
II- realização de inferências;
III- antecipação de informações;
IV- localização de informações no texto;
V- verificação de inferências e antecipações realizadas;
VI- articulação de índices textuais e contextuais;
VII- redução de informação semântica: construção e generalização de informações;
            O mais interessante é que são aspectos trabalhados de forma prazerosa e que saem daquela maneira tradicional e apática de cobranças pelo que foi lido, preenchimento de fichas. É como se fosse um bate-papo entre aluno e professor na qual o aluno pode se manifestar contra ou a favor, se apropriar de argumentos, posicionar-se de forma que convença o outro no respeito ao seu ponto de vista.
Isso é mais um fator da escola atual, onde o aluno mudou não é mais aquele aluno que fica sentado e calado o tempo todo. Esse aluno é visto como um ser letrado, envolto de várias tecnologias diferentes, com contextos sociais, familiares e culturais diferentes.        Ele quer ter voz, quer ser atuante de alguma forma, quer ser ouvido. E é na escola de hoje que ele vai ter esse primeiro contato com o mundo, com seus colegas e professores, vai ter suas opiniões expostas e questionadas e isso o faz refletir sobre os vários aspectos individuais e sociais que ele tanto precisa e quer saber.
            Sendo assim, além de se preocupar com a aquisição do sistema de escrita, a escola deve proporcionar atividades que visem ao letramento: redigir um bilhete, escrever uma carta, responder formulários, ler jornais, revistas e livros, dentre outras que fazem parte do cotidiano de uma sociedade grafocêntrica, pois a alfabetização só tem sentido quando desenvolvida no contexto de práticas sociais de leitura e escrita.
(SOARES, 2004).
            A partir de leituras colaborativas dessas tipologias textuais o aluno vai se familiarizando com essas variedades e a partir disso criar as suas próprias produções. O aluno não pode adivinhar a estrutura de um texto, esse texto precisa ser apresentado a ele, é nesse momento que entra mais uma vez a leitura colaborativa- e a partir desses modelos propostos e lidos que o aluno criará as produções dele.
            Os textos de escola deixam de ser utopia, ou seja, textos feitos por pessoas extremamente qualificadas, especialistas. O aluno se vê efetivamente no processo. Ele percebe o significado e a importância de sua produção e a valoriza.
            Ler sem escrever é um ato inacabado, pois um não pode existir sem o outro. E é a escola de hoje que deve proporcionar leituras e escritas significativas, contextualizadas, incluídas na vida dos alunos.
            O aluno de hoje não valoriza mais só uma decodificação de palavra, ele quer e precisa usar essa palavra para reclamar sobre um produto que comprou com defeito, sugerir leituras que se identifica, elogiar pessoas, ações, fazer protestos, exigir melhorias dos seus governantes.
            Ele quer aprender a utilizar corretamente o 0800, a enviar uma carta de leitor, utilizar sem ajuda um cartão de banco, ele quer ser o autor da sua historia.
            Nas leituras que trabalhamos percebemos essas angústias, esses questionamentos, as dúvidas e vamos refletindo juntos sobre os mais diferentes aspectos.  É rico saber que uma prática antiga realizada de maneira diferenciada pode enriquecer tanto o trabalho pedagógico. De forma que o aluno se veja e se sinta como parte do processo educativo.
            Essa atividade é considerada como permanente, ou seja, precisa estar constantemente entre as atividades mais desenvolvidas nas rotinas pedagógicas.
Ninguém ignora tudo. Ninguém sabe tudo. Todos nós sabemos alguma coisa. Todos nós ignoramos alguma coisa. Por isso aprendemos sempre. “Paulo Freire”
            É repertoriando esse grande autor acima citado que vamos ensinando e ao mesmo tempo aprendendo, essas leituras me ensinam a cada dia sobre coisas, pessoas, sentimentos, ações antes nunca refletidas e que enriquecem a mim e aos alunos de forma muito particular.













Referências bibliográficas
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados, 1989.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2003.
SOARES, M. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica, 1998b.

Nenhum comentário:

Postar um comentário